Desde os primeiros sinais da seca, Sanepar tem adotado medidas para garantir abastecimento público. Com o agravamento, principalmente na RMC, companhia adotou rodízio, antecipou obras e passou a captar em cavas e pedreiras.
O índice de chuvas registrado nesta primeira quinzena de julho confirma o cenário negativo de precipitações ao longo de 2020 e está 60% abaixo da média histórica, segundo dados do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). Essa condição se reflete diretamente nos níveis dos quatro reservatórios de água para abastecimento público na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), que já registram a preocupante média de 34%.
Embora em junho o padrão atmosférico tenha mudado em relação aos meses anteriores, com chuvas que superaram o volume histórico em algumas regiões do Estado, as precipitações concentraram-se em eventos de grande acumulação, como a do último dia do mês.
O “ciclone bomba”, do dia 30 de junho, trouxe ventos de quase 100 quilômetros por hora, causou muitos estragos, principalmente na RMC e no Litoral, mas a chuva que acompanhou provocou apenas um grande escoamento superficial e pouca penetração no solo – conforme explica o Simepar.
BARRAGENS - Sem chuvas suficientes para recuperar o deficit hídrico, em 2020 a Sanepar tem registrado os menores níveis das barragens que compõem o Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba e Região Metropolitana (SAIC) – Iraí, Passaúna, Piraquara I e Piraquara II – desde 2009.
Na Barragem do Iraí, a primeira a ser utilizada pela Sanepar, os níveis foram baixando mês a mês e, na primeira quinzena de julho, chegaram a 15%. No Passaúna, o nível é de 36,5%; Piraquara I, 33%; e Piraquara II, que é a última a ser utilizada e geralmente mantém-se elevada por mais tempo, está com 88%.
“Nos últimos 10 anos, nunca as barragens chegaram a níveis tão baixos. O mais preocupante é que os prognósticos de chuvas para os próximos meses não são promissores, mantendo-se a previsão de que teremos um volume muito abaixo da média histórica”, afirma o diretor de Meio Ambiente da Sanepar, Julio Gonchorosky.
RODÍZIO – A estiagem severa deu sinais ainda em 2019, quando a Sanepar passou a adotar medidas de mitigação da crise hídrica. Primeiramente, na Região de Cascavel, onde começaram os primeiros impactos no abastecimento, com a antecipação de obras de reforço na produção de água.
Em Curitiba e Região Metropolitana, a crise hídrica exigiu em março a implantação de rodízio, a princípio nas áreas abastecidas pelo Rio Miringuava, que apresentava vazão muito baixa, insuficiente para garantir regularidade no fornecimento de água.
Com o passar dos meses, a estiagem acentuou a perda de vazão de rios e poços e dos níveis dos reservatórios da RMC, o que levou a Sanepar a estender a medida de forma igual para toda a região. O rodízio reduz diariamente o fornecimento de água para 20% da população, com a meta de garantir níveis mínimos de reservação do SAIC até o período das chuvas, previsto somente para depois de setembro.
MEDIDAS EMERGENCIAIS – Além disso, a Sanepar antecipou obras e implantou captações emergenciais que aumentam o volume de água para abastecimento público. O decreto de crise hídrica do Governo do Estado, de 7 de maio, deu agilidade à Companhia em captação de água em cavas e pedreiras da região, em Fazenda Rio Grande, Pinhais, São José dos Pinhais e Campo Magro.
“São ações mitigatórias que complementam o esforço da população em economizar água. Sem o uso racional da água e sem essas captações emergenciais, o sistema pode colapsar”, diz Gonchorosky.
AEN
Comentários
Postar um comentário