‘Explore&Enjoy’ é o slogan criado pela associação do setor, que pretende elevar as exportações em 50% até 2025. Ações para aumentar vendas ao Oriente Médio e Norte da África já estão em andamento.
São Paulo – A Associação Brasileira de Café Solúvel (Abics) lançou este mês (foto acima) uma marca para promoção mundial do produto, a Explore&Enjoy – Instant Coffee Brazil. A marca foi criada como parte do convênio de cooperação técnica firmado em fevereiro de 2018 com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). O café solúvel é resultado da desidratação do grão torrado, processo que pode ser feito com diferentes métodos.
Entre os principais objetivos da nova marca está mostrar a liderança do País no setor. “O Brasil é o maior em produção e exportação de solúvel, e não tinha uma marca que mostrasse essa história”, disse Aguinaldo José de Lima, diretor de Relações Institucionais da Abics. Embora tenha sido criada também uma marca para o mercado interno, a Crie&Curta, o foco do trabalho é externo, com divulgação principalmente entre clientes que vendem direto para o consumidor. “Uma das ações [previstas] era construir uma marca de solúvel brasileira, porque vendemos para as maiores empresas que embalam em marcas próprias e distribuem no mercado de cada país”, explicou Lima.
As exportações de solúvel do Brasil em 2018 somaram 3,7 milhões de sacas de 60 quilos. Em 2019, a Abics tem expectativa de elevar em 5% o volume vendido no exterior. “Já está com 9,6% [de aumento] no primeiro semestre de 2019 [sobre o mesmo período do ano passado]”, afirmou Lima. “O planejamento estratégico maior, partindo de 2016, é de crescer em 50% o volume de exportação até 2025”, acrescentou.
Mercado Árabe
O mercado dos países árabes é um dos focos de trabalho da associação. “Temos um interesse no mercado árabe, que significa 5,8% das nossas exportações”, pontuou o diretor. O volume de café como um todo exportado aos países árabes no primeiro semestre de 2019 foi de 872.620 sacas, 53,9% a mais do que no mesmo período de 2018. A receita cambial chega a US$ 102 milhões.
A liderança entre os compradores do bloco é da Arábia Saudita. Em maio, por exemplo, o volume de solúvel exportado do Brasil para o país foi 19% maior do que no mesmo mês de 2018. Os sauditas historicamente lideram o mercado comprador de solúvel brasileiro na região, seguidos dos Emirados Árabes, Líbano, Catar e Djibuti.
“Há tendência de crescimento e estamos abrindo outra frente, a de negociações de barreiras tarifárias. Temos casos no mercado árabe, como do Djibuti, que tem tarifa de 13%. O Egito, embora tenha acordo com o Mercosul, com previsão de desgravação do café solúvel em até dez anos, ainda tem 24% [de taxa]”, pontuou Lima.
São 16 os países árabes que importam café solúvel brasileiro. Não faltam exemplos dos que possuem barreiras tarifárias. As Ilhas Comores aplicam tarifa de 20%. Iêmen, Marrocos e Sudão, de 25%, e a Argélia chega a 30%. Entre os concorrentes brasileiros estão países europeus como a Alemanha, Espanha e Holanda.
Para pleitear redução das tarifas, a associação se prepara para um trabalho nos bastidores. “Vamos ‘cutucar’ os governos do Brasil e dos países que nos interessam. [Por meio de] acordos com o Mercosul, ou bilaterais. Por exemplo: o que o Marrocos tem interesse em exportar e que o Brasil cobra uma tarifa? Haveria troca de produtos. O Brasil reduz a tarifa de dois produtos, e o Marrocos de um ou dois produtos”, explicou. Marrocos e Mercosul negociam um acordo de livre comércio, a exemplo do que foi assinado entre o bloco sul-americano e o Egito.
A Abics é associada à Câmara de Comércio Árabe Brasileira há três anos e no primeiro semestre de 2019 enviou representante ao Egito. “Fizemos visitas agendadas pela Câmara, pedindo para desgravar a tarifa de 24% mais rapidamente. Estivemos também na embaixada da Argélia [em Brasília] para saber quais produtos poderíamos fazer troca”, contou Lima. Outros países que estão no planejamento estratégico da Abics são Djibuti, Iraque, Marrocos e Sudão.
Hoje, 90% do produto brasileiro é destinado ao mercado externo. São sete as indústrias de solúvel que dominam a produção. Entre elas, a Nestlé (São Paulo), criadora do primeiro método de café solúvel, e a Cacique (Paraná e Espírito Santo), principal exportadora do Brasil. Veja, abaixo, vídeo que foi criado para o lançamento da marca, e que explica os processos para produção do solúvel.
ANBA
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