Caio Luiz Vieira de Mello sucederá o ex-ministro Helton Yomura, alvo de operação da PF. Pasta era ocupada interinamente por Eliseu Padilha
Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello, novo ministro do trabalho
O presidente Michel Temer indicou nesta segunda-feira, 9, o advogado Caio Luiz Almeida Vieira de Mello como novo ministro do Trabalho. Ele substituirá Helton Yomura, que pediu demissão do cargo na semana passada, após ser afastado por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Registro Espúrio, que apura corrupção no ministério. Desde então, a pasta era ocupada interinamente pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Vieira de Mello é desembargador aposentado e foi vice-presidente judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região entre 2008 e 2009. Atualmente é consultor do escritório de Sérgio Bermudes, que tem em sua carteira de clientes empresas como Vale, Bradesco, Citibank e Ambev, e as construtoras Odebrecht e Queiroz Galvão.
De acordo com o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, não houve ingerência política na indicação de Vieira de Mello. “A indicação do novo ministro do Trabalho é pessoal do presidente, e não passou pela política. O presidente consultou várias pessoas e lhe foi sugerido o nome desse mineiro. O presidente viu nele as condições para essa missão”, disse Marun.
Também investigado na Registro Espúrio — a PF pediu ao STF buscas em seus endereços, mas o ministro Edson Fachin negou — Carlos Marun afirmou ainda que o PTB, padrinho do ex-ministro Yomura, ainda participa do governo e “prestou grandes serviços”. Ele ponderou, no entanto, que Vieira de Mello terá liberdade para formar sua equipe, subentendendo que ele não terá de manter nos cargos os secretários, em sua maioria ligados ao partido e ao Solidariedade.
‘Ex-feudo’ do PTB
Apadrinhado pela cúpula petebista, Helton Yomura é investigado por envolvimento em um esquema de concessões irregulares de registros sindicais pelo ministério. Ele é ligado diretamente ao presidente do partido, Roberto Jefferson, e já era secretário executivo da pasta quando o ministro era Ronaldo Nogueira, nomeado assim que Temer tomou posse, em maio de 2016.
No fim de dezembro de 2017, Nogueira deixou o cargo, e Temer nomeou a filha de Jefferson, a deputada Cristiane Brasil (RJ). No entanto, após vir à tona uma série de ações trabalhistas contra Cristiane, o Supremo Tribunal Federal (STF) impediu a posse dela. Na segunda fase da Registro Espúrio, a PF chegou a fazer buscas em endereços ligados a Cristiane Brasil. Na primeira fase, foram alvos os deputados petebistas Jovair Arantes (GO) e Wilson Filho (PB), e Paulinho da Força (SD-SP).
Irritado com o Planalto, que fez questão de dizer que o problema de Helton Yomura na terceira fase da operação não era do governo, mas do partido, Roberto Jefferson afirmou, em nota, que o partido colocou o cargo à disposição do governo e informou que não iria indicar ou negociar novos nomes.
Na última quinta-feira, o presidente nomeou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, como interino, acumulando os dois cargos. Padilha concordou, mas avisou o presidente que não queria ficar na posição por muito tempo. veja
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