Das várias promessas feitas pelo Instituto de Identificação, somente uma saiu do papel e não teve o resultado esperado
Boa parte das mudanças prometidas pela Polícia Civil para agilizar a emissão de identidade em Curitiba e Região Metropolitana segue somente no papel. As medidas foram anunciadas em março, no auge de uma das maiores crises já enfrentadas pelo Instituto de Identificação do Paraná (IIPR) em relação aos RGs, quando curitibanos passarem até 17 horas em filas de mutirões à caça do documento. Mas, quatro meses depois, pouca coisa mudou para melhor. Ao contrário. Uma das unidades mais procuradas pela população para a confecção do documento, no 8°DP, no bairro Portão, foi fechada na semana passada.
O fim dos atendimentos do Instituto de Identificação no Portão foi comunicado pela Polícia Civil, que decidiu usar o prédio para abrigar a Central de Flagrantes de Curitiba. Com isso, os agendamentos do Instituto que antes eram atendidos no bairro migraram para o posto do Centro, numa espécie de recuo do pacote de ações anunciadas pela pasta em março e que previa, além de outros pontos, ampliar o horário de atendimento na unidade. Na época, o vice-diretor do Instituto de Identificação, Mauricio Lopes, prometeu estender o horário de atendimento tanto no Centro quanto no Portão por serem os dois maiores postos e os mais procurados da capital. A ideia, segundo ele, era fazer os atendimentos das 7h às 19h e que, se a novidade fosse bem aceita, replicá-la em outras unidades.
Só que nenhum dos postos chegou a realmente funcionar no horário estendido, assim como também não foi cumprida por completo a promessa de novas unidades endossada pelo então governador Beto Richa (PSDB), agora em campanha a uma vaga ao Senado pelo Paraná. Ao lado do prefeito Rafael Greca (PMN), Richa afirmou que estenderia postos de confecção de RGs para todas as dez ruas da Cidadania de Curitiba até o fim de março. Mas, por enquanto, apenas a metade delas (Carmo, Fazendinha, Cajuru, Pinheirinho e Bairro Novo) contam com o serviço.
Além disso, a criação de um superposto no Centro de Curitiba capaz de gerar mil novas vagas por dia também ficou na expectativa. Em março, o vice-diretor do Instituto de Identificação afirmou que aguardava a contratação de 50 novos funcionários terceirizados para tirar o projeto do papel – o que até hoje não ocorreu. Procurada, a Polícia Civil respondeu apenas que “o processo de terceirização está em tramitação”, mas não citou prazos.
Também por e-mail, o órgão se manifestou sobre a criação dos postos de emissão de RGs nas Ruas da Cidadania e disse que, com o convênio entre prefeitura e governo já firmado, o “próximo passo será o treinamento dos funcionários cedidos pela prefeitura com o objetivo de aumentar o número de vagas atendidas nas Ruas das Cidadania”.
Quanto ao fechamento do Instituto de Identificação no Portão, a Polícia Civil defendeu que “não haverá prejuízos à população da regional, pois os servidores que trabalhavam no local serão realocados para a unidade do Centro e o número de agendamentos também não sofrerá alterações”.
Mudança que não deu tão certo
Uma das únicas mudanças efetivadas pelo Instituto de Identificação para reduzir a indignação de quem precisa de um novo documento ainda não surtiu o efeito desejado. Nas redes sociais, continuam a surgir reclamações sobre transtornos com o agendamento online no site da Polícia Civil – primeiro passo para a confecção do RG. Crônico, o problema foi reconhecido pelo Instituto de Identificação, que chegou a estipular horários diferentes de acesso para as diversas áreas do estado, mas sem muito impacto.
“O que está acontecendo com o Instituto de Identificação do Paraná que há mais de um ano não se consegue agendar uma data para retirar a primeira via da carteira de identidade em Curitiba?”, questiona um internauta em um post no fim de junho. Em maio, a média de espera dos curitibanos para conseguir agendar uma ida ao Instituto de Identificação ainda chegava a meses. A explicação se sustentava, sobretudo, em falta de pessoal.
De acordo com o que disse o Instituto de Identificação à época, o Paraná conta com 283 papiloscopistas para atender todo o estado — um quadro já defasado considerando que o estado possui 500 vagas. Mas, de acordo com as contas do Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol), a quantidade de profissionais que está na ativa é ainda menor. “Eles não estão considerando os policiais que estão afastados por licença-médica, por exemplo. Além do que 12 papiloscopistas estão fora da função”, criticou o vice-presidente do Sindicato, Daniel Luiz Santiago Côrtes. GP
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