Comentarista exalta Atlético-PR de Diniz em revista inglesa: "Ousa para ser diferente"

Comentarista do SporTV, Tim Vickery publica texto em site de revista inglesa e destaca o trabalho de Diniz no Atlético-PR. "Fascinente técnico com novas formas de pensar"

Fernando Diniz: "Fascinente técnico com novas formas de pensar"

O comentarista do SporTV, Tim Vickery, elogiou o trabalho de Fernando Diniz no Atlético-PR. Em texto divulgado no site da revista inglesa World Soccer nesta terça-feira, ele falou sobre a "crise de ideias" no futebol brasileiro e afirmou que o clube paranaense teve coragem para inovar.

Atlético-PR ousa para ser diferente. Fernando Diniz é um fascinente técnico com novas formas de pensar
No texto, Tim Vickery - jornalista inglês que vive no Brasil desde 1994 - apontou as virtudes da equipe de Diniz, como construir as jogadas desde a defesa, mudar constantemente de posições e buscar as triangulações. "Mas o modelo de Diniz tem seus riscos - como o perigo de um contra-ataque ou perder a bola tentando um passe à frente da zaga. Os presidentes dos clubes têm preferido jogar em segurança. Mas, este ano, o Atlético Paranaense, teve coragem", diz.

Confira o texto traduzido

Atlético-PR ousa ser diferente

Fernando Diniz é um fascinente técnico com novas formas de pensar

Os problemas do futebol brasileiro brasileiro vão muito além da questão financeira. Afinal, os clubes do país são muito mais ricos do que seus oponentes em outras partes do continente sul-americano. Mas eles não dominam a Copa Libertadores, equivalente à Liga dos Campeões na América do Sul.

Há também uma crise de ideias. A recente história da Seleção, inclusive, evidencia isso. Com poucas mudanças na equipe, o técnico Tite montou uma equipe que, sob o comando do antecessor, Dunga, estava fora da zona de classificação para a Copa do Mundo e, em seguida, liderou uma cruzada vitoriosa para a Rússia, onde o Brasil será um dos favoritos.

Isso veio depois de uma aplicação de conceitos táticos recolhidos de um estudo intenso do jogo europeu. Mas o Tite é uma exceção. Não há treinadores brasileiros no futebol europeu de alto nível e, inchada pelo sucesso, a cultura futebolística do país se isolou em complacência.

Por anos, houve uma obsessão com o desenvolvimento do jogo físico. Os meias pecisavam de 1,80m para vencer as batalhas físicas. Não havia espaço no campo para as jogadas baseadas na posse de bola. A estratégia deveria ser dominada pelo contra-ataque.

E então veio o Pep Guardiola, e esses castelos desmoronaram.

Mas o futebol brasileiro tem sido muito lento para reagir - se é que consegue reagir.

Muitos da velha geração preferiram desmerecer Guardiola. Ex-técnico da Seleção, Vanderlei Luxemburgo disse, dois anos atrás, que "Guardiola é mais marketing do que técnico". Não houve uma tentativa concertada de um clube da Série A de incorporar alguns dos pensamentos de Guardiola

Até agora. Fernando Diniz não gosta de ser rotulado como um discípulo do tiki-taka. Ele prefere argumentar que tem os seus próprios conceitos. Independentemente de onde eles vieram, eles são muito interessantes.

Atualmente com 44 anos, Diniz foi meia ofensivo, provavelmente mais conhecido pela passagem pelo Fluminense neste início de século. Ele também é formado em psicologia e, desde que iniciou a carreira quase uma década atrás, ele tem evoluído seu conhecimento de futebol e de relações humanas de uma forma fascinante. Seus times são completamente diferentes do padrão no Brasil.

Ele procura construir os lances desde a defesa, com o goleiro desempenhando um papel vital no início das jogadas. Favorece a linha de três atrás que inclui os meias. Seu time é compacto, com uma rotação de posições e uma constante busca pelas triangulações. E sua posse de bola busca pressionar o time adversário no seu próprio campo.

É notável que muito tempo passou até que Fernando Diniz recebesse uma chance em um clube da primeira divisão. Seu trabalho com clubes menores tinha sido consistentemente atraente.

Mas o modelo de Diniz tem seus riscos - como o perigo de um contra-ataque ou perder a bola tentando um passe à frente da zaga. Os presidentes dos clubes têm preferido jogar em segurança. Mas, este ano, o Atlético Paranaense, teve coragem.


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