Cai desigualdade salarial entre homens e mulheres no Paraná


A queda na diferença se deve a uma mudança estrutural registrada nos últimos anos, de acordo com o Ipardes. A educação tem um peso nessa mudança. As mulheres, especialmente as jovens, têm mais anos de estudo do que os homens, o que tem se refletido em maiores remunerações.
A desigualdade de salários entre homens e mulheres persiste, mas vem diminuindo nos últimos anos no Paraná, mostram dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e compilados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes).
O salário médio dos homens no Estado foi de R$ 2.441, contra R$ 2.206 das mulheres em 2016, uma diferença de R$ 235. Naquele ano (dado mais recente disponível), as mulheres ganhavam 26,5% menos do que os homens. Em 2012, essa diferença era de 32,1%. O rendimento médio dos homens era de R$ 2.442 e das mulheres era de 1.658, de acordo com o IBGE.
A queda na diferença se deve a uma mudança estrutural registrada nos últimos anos, de acordo com Daniel Nojima, diretor do centro de estatísticas do Ipardes. “Certamente a educação tem um peso nessa mudança. As mulheres, especialmente as jovens, têm mais anos de estudo do que os homens, o que tem se refletido em maiores remunerações”. Entre 2012 e 2014, o salário das mulheres aumentou (sem considerar a inflação no período) 47% no Paraná. Já o dos homens ficou praticamente estável. Em média, as mulheres brasileiras com 25 anos ou mais têm 8,2 anos de estudo, contra 7,8 anos dos homens, de acordo com dados do IBGE.
MELHORA - Entre 2012 e 2016, o Paraná melhorou duas posições entre os Estados com menor desigualdade salarial – passou de quarto para sexto lugar. Hoje, tem a menor disparidade de salários entre os sexos do Sul. No Rio Grande do Sul, as mulheres ganhavam, em média, 27,4% menos, e em Santa Catarina, a diferença era de 26,5% em 2016.
PROGRESSO - De acordo com Daniel Nojima, essa desigualdade deve reduzir ainda mais nos próximos anos, mas ela avança ainda a passos lentos no País. “O que se espera é que, com o Brasil deixando a crise econômica para trás, as condições do mercado de trabalho melhorem e a renda acompanhe”, diz Nojima.
Contudo, alguns fatores, como a preponderância da mão de obra feminina no trabalho doméstico e a maior incidência de jornada de trabalho de seis horas entre as mulheres também pressionam para baixo o rendimento das mulheres.
Um estudo do Fórum Econômico Mundial, divulgado no ano passado, colocou o Brasil na 129a posição entre os países com maior diferença salarial entre os gêneros. O relatório pesquisou condições de 144 países e aponta um cenário mais pessimista. De acordo com o documento, o País demoraria 100 anos para equiparar condições econômicas entre homens e mulheres.
DIFERENÇAS - Os Estados mais ricos são os que concentram a desigualdade salarial no Brasil, de acordo com o IBGE. São Paulo tem a maior diferença, onde as mulheres ganham, em média, 32,8% menos que os homens.
Em compensação, no Amapá, o salário se equipara entre os gêneros, com uma ligeira vantagem para as mulheres, com renda 0,2% maior para os homens. Em Alagoas, os salários do sexo feminino são em média apenas 7,4% menores do que o sexo masculino.
Essa disparidade menor, no entanto, é gerada principalmente pelos baixos salários. Com maior incidência de pessoas que ganham o salário mínimo – tanto de homens quanto de mulheres – a diferença diminui.
De acordo com a pesquisa, em Alagoas, por exemplo, os homens ganhavam, em média, R$ 1.355, contra R$ 1.255 das mulheres. Em São Paulo, por outro lado, os salários são maiores de ambos os sexos: R$ 3.190 para homens e R$ 2.144 para mulheres.(AEN)

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