Até a véspera da Operação Integração, o tucano garantia a aliados que já tinha decidido renunciar ao mandato para disputar o pleito de outubro
Nesta sexta-feira (23), Richa inaugurou obra de duplicação da BR-369, gerida justamente pela concessionária investigada na Lava jato.
Às vésperas de ter de decidir se vai ou não ser candidato ao Senado, Beto Richa (PSDB) teve o governo atingido por mais um escândalo de corrupção. A devassa da Operação Lava Jato em suspeitas de desvios em contratos de concessão de rodovias federais no Paraná teve um efeito simbólico, para além das consequências criminais: um mandado de busca e apreensão dentro do Palácio Iguaçu. Apesar de o tucano não ser investigado no caso, aliados próximos a ele reconhecem que a indecisão de disputar a eleição, que parecia uma certeza nesta semana, voltou a rondar a cabeça do governador.
Denominada de Integração, a 48ª
fase da Operação Lava Jato suspeita
que pelo menos R$ 63 milhões tenham sido desviados na concessão do grupo
Triunfo, dono da Econorte, por meio de pagamentos a empresas
de fachadas, por serviços e produtos não comprovados e superfaturamento em
obras. Assessor para assuntos políticos da Casa Civil de Richa, Carlos Nasser
foi alvo de um mandado de busca e apreensão no local de trabalho na sede do
Executivo estadual, sob acusação de receber R$ 2,8 milhões no esquema.
Já o diretor-geral do
Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), Nelson Leal Jr., foi
preso por cinco dias, prorrogáveis por mais cinco. Uma das suspeitas que recai
sobre ele envolve a aquisição de um apartamento em Balneário Camboriú (SC) por
mais de R$ 2,5 milhões. Apesar de ter decidido exonerar ambos dos respetivos
cargos, Richa traz os dois a tiracolo desde quando foi prefeito de
Curitiba.
Deputados estaduais ouvidos
pela Gazeta do Povo dizem que até a noite de quarta-feira (21),
véspera da deflagração da Operação Integração, Richa estava decidido a ser
candidato ao Senado. Para isso, teria de renunciar ao cargo até no máximo 7 de
abril, como exige a legislação. De quebra, a saída dele do governo permitiria que o filho Marcello e o irmão Pepe fossem
candidatos, respectivamente, à Assembleia Legislativa e à Câmara Federal.
“Mas aí aconteceu isso tudo. Foi
avassalador. Eu, sinceramente, acredito que agora ele fica no governo até o
fim. É uma opinião pessoal, mas a dúvida na cabeça dele voltou a ficar enorme.
Eu não queria estar na pele do Beto”, resume um parlamentar aliado.
Há quem acredite, por outro lado,
que, apesar de arranhada, a imagem de Richa não se contaminará por esse
episódio pelo fato de ele não ser alvo de investigação. Ao contrário, por
exemplo, de três inquéritos que responde no Superior Tribunal de Justiça
(STJ) e também da Quadro Negro. Por isso, a análise é que o prejuízo maior
recairá sobre Pepe Richa, que, como secretário de Estado de Infraestrutura, era
o superior imediato de Leal Jr.
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