Desde que a temporada de verão começou, problemas na telefonia móvel se agravaram
O período de temporada tem sido
de dor de cabeça para quem vai para o Litoral do Paraná e precisa usar o
telefone celular e a internet em períodos de grande concentração de veranistas.
Com os 1,5 milhão de pessoas que foram para as praias do Paraná para a virada
do ano, os serviços de telecomunicações tiveram sérios problemas, deixando as
pessoas muitas vezes sem possibilidade de comunicação e irritando veranistas e
moradores. Com a perspectiva de que número semelhante de pessoas vão ao Litoral
para o carnaval, que começa no dia 10 de fevereiro, as dificuldades enfrentadas
na virada do ano devem se repetir.
Desde o início dos feriados do
fim de 2017, a qualidade do serviço caiu significativamente, conforme atesta o
atendente de hotel Adriano Holodivski. Morador de Matinhos e funcionário de uma
hospedaria às margens da PR-412, Holodivski afirma que tanto a rede do hotel,
que fica mais afastado do centro da cidade, como a de seu telefone celular
funcionavam normalmente até dias antes do Natal.
Quando começou a temporada e o
volume de gente foi aumentando no Litoral, o serviço de internet começou a
ficar instável, até chegar como está hoje. “Tem horas que a internet funciona,
tem horas que não funciona, mas o principal é que você não consegue ficar
conectado por muito tempo que parece que o sinal vai piorando até cair”, disse.
Com a distância do local onde
trabalha até o centro da cidade, de cerca de dois quilômetros, o atendente fica
praticamente o dia todo sem conexão. Para ele, a limitação no sinal é
problemática, pois além de atrapalhar sua comunicação pessoal, mexe também com
o humor dos hóspedes. “Sempre vêm gente perguntar se temos wi-fi, e se é normal
o sinal de internet não funcionar. Só quem deve gostar disso é o patrão, porque
aqui ninguém fica pendurado no Whatsapp”, brincou.
O problema não é exclusividade de
uma localidade ou de uma operadora. Ana Levek, que é cliente de uma empresa
diferente de Holodivski, conta que tem visto seus dois filhos nervosos em casa,
em Pontal do Paraná. Assíduos dos games online e das redes sociais, os irmãos
têm convivido com as tentativas frustradas de conexão, e já chegaram a pedir
para a mãe abortar as férias no Litoral. “Eles estavam dizendo que não aguentam
mais ficar sem poder falar com os amigos, sem poder jogar. Chegaram a pedir
para voltar para Curitiba”, falou, em referência aos filhos de dez anos e 12
anos.
Ana afirma que tem procurado
oferecer alternativas de diversão às crianças durante o período, mas o tempo
nublado não tem ajudado a dona de casa. “Já é complicado fazer eles sairem do
celular e do videogame. Com o tempo fechado, chovendo, eles não vão para a rua.
O que resta é o baralho e alguns jogos porque até o videogame hoje precisa de
internet”. Ela conta que comprou dois jogos de tabuleiro para entreter as
crianças, e a tática está funcionando. “Eles gostaram bastante de um deles, e
tem jogado bastante. Espero que não enjoem”.
Para o técnico de informática
Adelcio Gushikawa a internet não tem feito tanta falta. Como trabalha com
programação de redes e normalmente precisa estar sempre à disposição da
empresa, Gushikawa revela que a falta de sinal é até um alívio para suas
férias, já que assim fica mais difícil encontrá-lo.
A falta de sinal, porém, preocupa
porque parte de sua família ficou em Curitiba, e a comunicação entre os
familiares tem sido complicada. “Sempre que tento falar com minha esposa o
telefone picota, você não entende nada. Mandar mensagem? Demora meia hora para
chegar. Está muito complicado, mas era esperado, pelo número de pessoas é claro
que iria sobrecarregar”. O técnico é cliente de uma terceira operadora.
Nem mesmo os clientes de internet
fixa, como o lojista Gilmar Ferreira, de Guaratuba, ficaram livres dos
problemas. Cliente de outra empresa de telefonia que atende o litoral, o
empresário afirma que tem tido muitos problemas com os consumidores, já que o
sistema que emite a nota fiscal usa a internet, e muitas vezes ele acaba não
conseguindo fazer o documento no ato da compra. “Já ouvi muita reclamação, as
vezes o cliente acha que você não quer dar a nota para ele, e fica bravo até.
Mas sem internet, não tem o que fazer. Tem que pegar os dados, o e-mail, e
enviar quando você consegue conectar”.
O problema com a rede fez
Ferreira mudar a rotina de sua empresa. Ele conta que tira um funcionário do
atendimento do balcão só para cuidar da emissão das notas, porque o trabalho
acumula. “Tem que ficar de olho na internet e, quando vem a conexão, começar o
trabalho. Chega horas que tem 30 notas para tirar de uma vez só”, sentenciou.
O que dizem as empresas
São quatro empresas que prestam o
serviço de telefonia celular e de internet no litoral do Paraná. Claro, Oi, Tim
e Vivo. E a voz das empresas é unânime: o número de pessoas faz com que o
volume de tráfego de dados e voz cresça exponencialmente, o que acaba
prejudicando o serviço.
Segundo a Claro, a rede está
funcionando normalmente na faixa litorânea paranaense, mas a transferência de
voz e dados aumentou cerca de cinco vezes em relação aos demais períodos do
ano. Ainda assim, a empresa destaca que investiu em novos equipamentos antes da
temporada para que seus clientes não enfrentassem problemas, e que sua rede
cumpre com as especificações da Anatel, a agência reguladora do setor.
De acordo com a Oi, a empresa não
tem registro de ‘eventos’ que caracterizem um problema massivo na rede de
telecomunicações. A operadora afirma que está priorizando a modernização da
infraestrutura e a expansão da rede, além de realizar ações preventivas com
aumento de produtividade para oferecer uma melhor experiência aos clientes A Oi
atribui eventuais problemas à época do ano, em que as pessoas costumam usar
mais os serviços de internet móvel.
A Tim argumenta que durante os
feriados do final do ano sua rede permaneceu em pleno funcionamento, mas que o
excesso de pessoas conectadas acabou dificultando a operação, principalmente
nos horários de pico. De acordo com a empresa, ainda em janeiro serão
instaladas quatro novas antenas em Caiobá e Matinhos, em áreas de maior
concentração de usuários, o que deve melhorar o serviço. Além disso, a
construção de uma rota de fibra ótica está prevista para 2018, o que vai ajudar
na transmissão de dados entre o Litoral e Curitiba.
Segundo a Vivo, a empresa investe
constantemente na melhoria e ampliação de sua rede, sendo que no último ano
foram feitas ao menos 19 obras na rede no litoral paranaense, já considerando a
demanda de aumento de tráfego de dados durante a temporada de verão.
GP
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