Especialista e usuários dizem que o serviço será forçado a se modernizar com a concorrência de Uber, Cabify e 99POP, mas reconhecem que hoje as regras são mais duras com os taxistas
Fila de táxis no Centro de Curitiba: especialistas acreditam
que serviço terá se modificar para seguir competitivo
Estima-se que, em um ano, a
arrecadação de Curitiba com aplicativos de transporte compartilhado, como Uber,
Cabify e 99Pop, seja três vezes superior ao que a prefeitura recebe com táxis.
Nos três primeiros meses após a regulamentação do serviço, em julho passado, o
executivo municipal recebeu R$ 3,6 milhões. Com os táxis, foram R$ 4,5 milhões
durante 2017 inteiro. Os números mostram a adesão massiva ao novo serviço e
indicam um caminho de mudanças para o modelo de táxi que conhecemos hoje. Um
processo que deve beneficiar o consumidor.
O especialista em trânsito e
mobilidade urbana Glavio Leal Paura não acredita no fim dos táxis, mas enxerga
o serviço se modernizando e se aproximando cada vez mais dos aplicativos.
“Hoje, temos um serviço que atende à demanda da população de forma mais cômoda
e barata. Antes, em dia de chuva, por exemplo, não tínhamos táxis suficientes”,
diz Paura, professor dos cursos de Engenharia da Universidade Positivo.
O especialista faz uma analogia
ao que ocorreu com a desvalorização das linhas telefônicas nos anos 90, quando
o serviço se tornou mais acessível à população. Com o tempo, o mercado se
adaptou e hoje temos a oferta de produtos de acordo com as necessidades dos
clientes. Com o táxi não deve ser diferente. Com mais serviços e concorrência,
o usuário deverá ser o maior beneficiado: terá mais oferta, menores preços e
maior qualidade.
“O mercado
está aberto. O cliente escolhe o serviço que quer. O que a gente cobra do poder
público são condições de igualdade entre os serviços.” Renato Pieritz, diretor
da radio-táxi Mega Táxi.
“Sou muito a
favor de todos os serviços, mas neste momento está sendo injusto para o
taxista. E isso não é só em Curitiba. O caminho é desburocratizar o táxi e não
burocratizar os aplicativos. Ter placa vermelha hoje, por exemplo, é
desnecessário”, diz, defendendo mudanças na legislação vigente, com regras mais
simples para todos os serviços.
É isso que os taxistas estão
defendendo. “O mercado está aberto. O cliente escolhe o serviço que quer. O que
a gente cobra do poder público são condições de igualdade entre os serviços”,
diz Renato Pieritz, diretor da radio-táxi Mega Táxi, resultado da junção das
centrais Curitiba e Sereia. A fusão das operadoras de táxi visa reduzir custos
de operação, aumentar o número de veículos e garantir preços competitivos e
descontos aos usuários. “Investimos em tecnologia, capacitação de motoristas e
também contamos com um aplicativo. Tudo em benefício do cliente”, diz o
diretor.
E o usuário?
No que depender do usuário,
nenhum serviço está condenado ao fim. Cliente cativo dos táxis de Curitiba, o
empresário Maximiliano Gava, 55 anos, diz não trocar o serviço pelas
alternativas tecnológicas. A confiança é tanta que, há cinco anos, ele deixou
de trabalhar com motoboys em entregas. Agora, são taxistas que levam suas
massas para os clientes. “Sempre fui bem atendido. Estabelecemos uma proximidade
com os motoristas, o que também traz segurança”, diz Gava, lembrando usar táxis
desde os 5 anos de idade.
A possibilidade de acompanhar a
cobrança pelo taxímetro, ter uma central e um órgão regulador (Urbs) para
reportar eventuais problemas e a fácil identificação dos carros alaranjados
estão entre os fatores que fidelizaram Gava ao serviço. “Sou contra o
monopólio, mas tem que igualar o sistema para termos uma concorrência leal”,
pondera.
GP
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