Em alguns casos, o imóvel anunciado já está ocupado e turista só descobre que foi enganado quando chega à praia
Criminosos estão usando a internet para aplicar golpes em que procura
uma casa para passar a temporada no do Paraná e de Santa Catarina. Eles anunciam
imóveis já ocupados ou que nem existem e exigem o pagamento adiantado de parte
do aluguel. Assim, quando o veranista chega para aproveitar a praia, acaba
percebendo que foi enganado e ficando na mão. Muito frequente nesta época do
ano, o golpe do imóvel invisível já conseguiu enganar muita gente nessa
temporada.
Em balanço divulgado pela Polícia Civil do Paraná, 15 ocorrências de
estelionato envolvendo imóveis foram registradas no litoral do Estado entre os
dias 21 e 31 de dezembro de 2017. Os golpes aconteceram nos municípios de
Guaratuba, Matinhos, Pontal do Paraná, Antonina e Morretes. Em todas as
ocorrências, as vítimas só descobriram que estavam sendo enganadas ao chegarem
ao destino e constatarem que tinham alugado um imóvel fantasma.
A “fórmula” utilizada pelos criminosos é sempre a mesma. Os
golpistas criam sites imobiliários falsos, capturando anúncios reais feitos por
proprietários e divulgando fotos e valores atrativos para chamar a atenção.
Feita a solicitação da reserva, os bandidos exigem depósitos antecipados
referentes ao aluguel e depois somem com o dinheiro.
Para quem viveu na pele a enganação, o sentimento é de revolta. É o
caso da assistente administrativa Mara Godoi, 31 anos, que foi vítima do golpe
no último mês de dezembro. Ela conta que só percebeu que havia sido enganada
depois depositou metade do valor da locação por um apartamento em Balneário Camboriú.
“Até então, a anunciante respondia todas as minhas mensagens. Por acaso, meu
namorado passou pela cidade e pediu pra ver o apartamento. Quando ele chegou,
descobriu que o imóvel não estava mais sendo alugado e a mulher nunca mais
respondeu”, lembra.
Com isso, Mara perdeu R$ 1.250. Ela registrou um boletim de ocorrência
e teve de cancelar a viagem. “O pior foi descobrir, depois, que mais umas 20
pessoas tinham caído no mesmo golpe. A golpista já foi identificada, mas ainda
está foragida. É revoltante”, lamenta.
Crime comum
Segundo o conselheiro estadual do Conselho Regional de Corretores de
Imóveis do Paraná (CRECI/PR), Michel Wolff, situações assim não são incomuns.
Ele explica que os principais alvos dos bandidos costumam ser moradores do
interior ou de outros estados, que caem nos golpes justamente por desconhecerem
as praias do sul do país. “Para quem não conhece, fica mais difícil de saber se
o imóvel fica mesmo no local anunciado. Em vários casos, os criminosos postaram
fotos de praias catarinenses, por exemplo, dizendo que faziam parte dos nossos
balneários”, revela.
De acordo com Michel, casos de clientes que procuram as imobiliárias
depois se descobrirem vítimas de golpes acontecem com mais frequência do que
deveriam. “Na última temporada, uma família de Londrina procurou nosso
escritório depois de constatar que a casa que tinham alugado pela internet não
existia. Foi um transtorno muito grande porque eles vinham de longe e tiveram
que buscar hospedagem de última hora”, lembra. O conselheiro do CRECI/PR
explica que os preços anunciados foram os maiores atrativos para os turistas,
que iludidos, acreditaram estarem fazendo um excelente negócio. “O aluguel de
um imóvel como o anunciado nas fotos não sairia por menos de R$1.300 mil. No
site, os estelionatários cobravam R$ 500. Realmente é tentador”, diz.
Depois de um fim de ano movimentado nas praias paranaenses (cerca de 2
milhões de veranistas), a proximidade do feriado de Carnaval começa a reaquecer
o setor imobiliário do litoral. Com um percentual 15% maior de reservas que no
mesmo período do ano passado, a expectativa é de que a taxa de ocupação dos
imóveis para locação chegue a 80%.
Comentários
Postar um comentário