Depois de implementarem as políticas e filosofias de trabalho do Atlético, auxiliares mais diretos de Mário Celso Petraglia vão saindo do clube. E ele fica mais perto do futebol
Não é a primeira vez que Petraglia se afasta de
colaboradores diretos. É pelo menos a terceira vez que isto acontece
Silenciosamente vai acontecendo
uma revolução no Atlético.
Depois de algum tempo afastado do dia-a-dia do futebol, Mário Celso Petraglia
resolveu não só mandar, mas também agir. E com isso, entre dezembro e janeiro,
os principais personagens da história recente no clube dentro de campo e nos
bastidores estão fora do Furacão. O departamento de futebol rubro-negro, antes
um dos mais recheados do País, pode ser resumido em dois nomes: Fernando Diniz
e Mário Celso Petraglia.
O esvaziamento do setor era
possível de ser sentido nas próprias declarações do presidente do Conselho
Deliberativo – que, todo mundo sabe, é quem manda no Atlético. E, além disso,
para Petraglia é difícil crer que há alguém mais capaz que ele. “Nós não
queremos mais o cargo de diretor de futebol no Atlético. (…) O perfil sou eu.
Um executivo de alto nível”, disse o cartola, em entrevista á rádio
Transamérica, em dezembro de 2017.
Tal pensamento impacta em toda a
estrutura atleticana. Paulo Autuori, primeiro treinador e depois gestor
técnico, era considerado pelo dirigente como o melhor profissional que já havia
passado pelo clube. Como não aceitou voltar a ser treinador, foi o primeiro a
sair do Furacão. No mesmo período, o clube desfez o contrato com a empresa
norte-americana EXOS, que foi responsável pela reformulação do sistema de
preparação física rubro-negra.
Neste sábado (12), veio uma
ruptura surpreendente. William Thomas, responsável pelo DIF (Departamento de
Informação do Futebol), foi desligado do clube. A informação foi divulgada
ontem pelo portal UOL. William não só foi o responsável pela criação do DIF,
mas também era um dos auxiliares mais próximos de Mário Celso Petraglia. Teve
sob seu controle as definições de contratações, a decisão da integração tática
(todas as categorias usando o mesmo sistema de jogo) e até mesmo quem teria
condições de jogar ou não, usando a plataforma da EXOS. Sem os dois
profissionais e a empresa, o Atlético se afasta – em tese – de pilares que construiu
nas últimas temporadas.
Pode-se dizer “em tese” pois não
há pensamento de mudança de rota, e sim de adaptação. Com o conhecimento
adquirido e com mecanismos adaptados ao clube, Petraglia dispensou os
“intermediários” para tocar o futebol, tendo acesso direto ao técnico Fernando
Diniz, que chegou também com o status de coordenador geral.
O primeiro desafio do novo
comando é o menos importante, pelo menos no discurso. O Campeonato Paranaense
vai servir para avaliar jogadores, inclusive os experientes Emerson e Pierre, e
o jovem treinador Tiago Nunes. Logo virá a Copa do Brasil. E a nova estrutura
do futebol – sucesso interno, pois não há contestação – começará também a ser
testada dentro de campo.
Histórico
Petraglia já teve dois grandes rompimentos dentro do Atlético. Saiu vencedor
dos dois. Em 2002, por ficar em minoria diante das decisões da diretoria então
comandada por Guivan Bueno, renunciou ao cargo de diretor de marketing. Em uma
semana a torcida praticamente impôs seu retorno, aí já como presidente. Nessa
manobra, aliados como Samir Haidar, Ademir Adur, Valmor Zimmermann, Ênio Fornea
e Marcus Coelho foram afastados do clube. Em texto publicado em 2011 nas redes
sociais, o cartola recordou como agiu: “Em 2002, com o nosso rompimento e renúncia,
e com o movimento ‘Fica Petraglia’, eles foram embora e falta nenhuma
fizeram!”.
Em 2008, Mário Celso Petraglia
foi o principal cabo eleitoral de Marcos Malucelli, mas quando o advogado foi
eleito presidente, resolveu comandar o clube, desagradando o cartola. No mesmo
texto de 2011, ele relatou sobre a crise. “Quando em 2008 houve a traição
praticada por esta ‘adm+chuteiras’, logo eles começaram a voltar, VZ (Valmor
Zimmermann), AA (Ademir Adur), SM (Sérgio Malucelli), EF (Ênio Fornea), MC
(Marcus Coelho) e também o (ex-presidente João Augusto) Fleury que se
posicionou como não estivesse presidente na gestão 2004/8, todas as falhas
foram do MCP!. Novamente apequenaram o CAP e nos levaram a uma situação
ridícula e vexatória em todos os sentidos, até o orgulho nos fizeram perder”.
Na eleição seguinte, Petraglia voltou à presidência.
TP
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