Imposto sindical deixou de ser obrigatório com a reforma
trabalhista. Sem dinheiro garantido, centrais apertam o cinto e seguem
protestando, dessa vez contra a reforma da Previdência
O fim do imposto sindical, que
passou a ser uma contribuição opcional com a reforma trabalhista, já mexeu com
a organização das centrais sindicais. Sem perspectivas de manter essa
arrecadação, as centrais já estão cortando gastos. E mesmo com a possibilidade
de incluir o retorno da cobrança na medida provisória (MP) da reforma,
dirigentes das principais entidades sindicais não estão tão confiantes
nas novas mudanças que podem ser feitas no Congresso. Por isso, já miram
em outra reforma: a da Previdência, contra a qual já marcam uma nova tentativa
de greve geral.
Na última semana, as centrais
decidiram parar no dia 5 de dezembro em protesto contra a reforma da
Previdência, na véspera da data em que o governo pretende levar o projeto à
votação. Participaram do encontro CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central,
CSB, Intersindical, CGTB e CSP-Conlutas. Segundo o secretário-geral da Força
Sindical, José Carlos Gonçalves, o Juruna, a ideia é concentrar o movimento nas
capitais. “Vamos reforçar a mobilização no setor de transportes”, diz.
O novo texto da reforma da
Previdência propõe uma mudança um pouco mais ‘light’, mas mantém alterações
como a idade mínima para aposentadoria. A CUT também se opõe às mudanças. Para
Sérgio Nobre, secretário-geral da entidade, o enxugamento da proposta original
do governo “não tem nada de positivo”. “Não é uma reforma light, isso vai
prejudicar o trabalhador”, diz.
Ele diz que a central vai
orientar suas bases para pressionar congressistas para que votem contra o
projeto. “É bom que deputados pensem bem, porque isso é sensível. A sociedade
brasileira não aceita mexer na Previdência”, afirma Nobre.
Apertando o cinto
A CUT é a central que já tomou
medidas para evitar problemas financeiros em 2018. Sem garantia de que vai
receber a mesma verba de imposto sindical, a central aprovou um programa
de demissão incentivada (PDI), que ficará aberta até 4 de dezembro. “A CUT está
cortando 60% dos gastos. Isso envolve viagens, diárias, aluguéis, contratos,
etc. e redução do quadro”, informou a entidade via assessoria de imprensa.
A reportagem também questionou se
UGT e Força Sindical tomariam alguma medida de austeridade semelhante, mas não
obteve retorno até o fechamento desse texto. Nenhuma das três centrais
respondeu ao questionamento sobre uma eventual fusão dos sindicatos para tentar
sobreviver sem o imposto tampouco sobre eventuais novas fontes de arrecadação.
Um olho na Previdência, outro na
trabalhista
Apesar de o protesto convocado
para 5 de dezembro ser prioritariamente contra a reforma da Previdência, a
Trabalhista ainda atrai a atenção das centrais. Uma das críticas feitas pelo
presidente da CUT, Vagner Freitas, às mudanças das leis do trabalho tem relação
com a aposentadoria.
“A reforma Trabalhista legalizou
o bico e muitos trabalhadores perderam os direitos e, em muitos casos,
receberão menos do que um salário mínimo. Se já estava quase impossível
contribuir para se aposentar, imagine com essa nova proposta de reforma da
Previdência”, declarou em material distribuído pela assessoria da CUT.
Já Sérgio Nobre, secretário-geral
da entidade, alerta para as emendas que podem “piorar” ainda mais a reforma
trabalhista. “Imagine somar a essa tragédia a possibilidade de trabalhar a vida
inteira e não se aposentar”, disse em material distribuído pela CUT.
Gazeta do Povo
Comentários
Postar um comentário