Prefeitura vai reforçar caixa da Urbs com a compra de R$ 16 milhões em imóveis

O dinheiro para a compra sairá do pagamento da contribuição patronal sobre os aposentados da prefeitura, obrigação que foi revogada no pacote de ajuste fiscal aprovado em junho

Terreno onde funciona estacionamento do MuMA pode ser comprado por R$ 3,9 milhões

A prefeitura de Curitiba encaminhou um projeto de lei à Câmara de Curitiba propondo a compra de três terrenos da Urbs. Ao todo, o Executivo pretende desembolsar R$ 16 milhões para comprar áreas no Portão, na CIC e no Tarumã.
O projeto foi enviado para a Câmara na quinta-feira (16), dois dias após o anúncio do acordo entre a prefeitura e as empresas do transporte coletivo.Além do texto que autoriza a transação, a prefeitura enviou também um projeto de abertura de Crédito Adicional Especial, no valor de R$ 16 milhões, destinado a atender despesa com a aquisição dos terrenos.
O dinheiro para a compra sairá do pagamento da contribuição patronal sobre os aposentados da prefeitura, obrigação que foi revogada no pacote de ajuste fiscal aprovado em junho.
O prefeito Rafael Greca (PMN), na justificativa do projeto, afirma que a transação está sendo feita “considerando a atual condição econômico-financeira da Urbs”. O texto não detalha o uso que o município dará às áreas, mas afirma que serão usados para a expansão dos serviços públicos.
“Ao negociar áreas não utilizadas pela Urbs, com expressivo potencial de interesse econômico, o município poderá fazer uso destes imóveis para implantação de futuros equipamentos públicos, uma vez que constantemente o município vem sendo demandado na construção de equipamentos para atender a necessidade da população”, diz o texto.
“Poderá ainda reorganizar suas estruturas públicas instaladas, reduzindo os dispêndios com aluguéis de imóveis de terceiros, utilizar tais áreas em negociações envolvendo o instituto da permuta, inclusive podendo fazer a integralização desses imóveis, a fim de compor um novo investimento de ativos imobiliários”, diz o prefeito, ainda na exposição de motivos do projeto encaminhado à Câmara.
A maior área que o município pretende comprar da Urbs está no bairro Tarumã, ao lado do Estádio do Pinheirão. Ao todo, são 20 lotes de cerca de 500 m² cada que foram avaliados em sua totalidade em R$ 9,5 milhões. A Urbs já havia feito duas tentativas de vender os imóveis por meio de licitação, mas não houve interessados.
O segundo terreno mais caro fica no Portão. Atualmente, a área de quase 2 mil m² está sendo usada como estacionamento do MuMA – Museu Metropolitano de Arte. Pelo imóvel, a prefeitura vai pagar R$ 3,9 milhões à Urbs.
A última área indicada no projeto de lei fica na rua Albertino Gonçalves Cordeiro, na Cidade Industrial de Curitiba. Pelo terreno de 5 mil m² a prefeitura vai pagar R$ 2,5 milhões.
De acordo com o texto que acompanha o projeto de lei, a Urbs apresentou ao município um cardápio de imóveis que poderiam ser vendidos. A decisão de compra desses três terrenos aconteceu “por apresentarem diferentes características, em função de suas diferentes localizações geográficas, apontando para diversas possibilidades de uso, em função do estado de conservação e valor potencial de venda”.
Dos imóveis apresentados, quatro não entraram na transação; todos de menor valor, localizados no São Lourenço, Campina do Siqueira e Santa Felicidade.

Luiz Fernando Jamur, secretário de governo da prefeitura de Curitiba

Entrevista
A principal razão para a compra dos terrenos é aliviar o caixa da Urbs?
A situação que recebemos a prefeitura se repetiu nas empresas do município. Por isso, desde o início do ano, temos feito um esforço muito grande para a redução do déficit [da Urbs]. É importante termos um planejamento estratégico para o patrimônio da companhia e também dar sequência ao saneamento da empresa, para que ela volte a ser saudável do ponto de vista financeiro.
Qual a finalidade que a prefeitura pretende dar a essas áreas?
A prefeitura tem interesse nesses imóveis para futuros equipamentos públicos dentro do planejamento estratégico do município. A Urbs poderia colocar esses terrenos no mercado via leilão, mas entendemos que seria importante manter esses ativos imobiliários nas mãos do município. Fizemos uma pré-seleção do ativo imobiliário da Urbs, e essas áreas nos interessaram. E o programa de recuperação fiscal que vem sendo feito possibilita a compra.
Mas já está definido o que será feito com cada um dos terrenos?
Ainda é cedo para falar nisso. Serão usados para implementação de equipamentos públicos e tudo mais.
Quando a prefeitura pretende ver o projeto aprovado pela Câmara?
Conversamos com o conjunto de vereadores da base e explicamos a importância de que o projeto seja aprovado até o final deste ano.


Gazeta do Povo


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