A corrupção é apontada como a principal preocupação da
população brasileira. Procuradores da Lava Jato dizem que candidatos precisam
apresentar propostas reais para combater a mazela
Que a Lava Jato vai influenciar as eleições de 2018 não
restam dúvidas. Dos desdobramentos da operação, por exemplo, depende a
possibilidade de candidatura de uma das principais figuras políticas do país, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pode ficar inelegível
dependendo do resultado de um julgamento no Tribunal Regional Federal da 4.ª
Região (TRF-4). Outros políticos também estão com a imagem arranhada por causa
das investigações. Mas a Lava Jato também contribui para que o combate à
corrupção esteja entre as principais pautas dos candidatos em 2018.
Uma pesquisa divulgada no final do mês passado pelo
Instituto Latinobarómetro, que mostrou que os brasileiros não estão
satisfeitos com a democracia no país, também traz a informação de que a
corrupção é o principal problema no Brasil para 31% da população. A situação
política aparece em segundo lugar, com 23% da população acreditando ser esse o
principal problema em terras brasileiras. O desemprego fica apenas em terceiro
lugar (13%), seguido por problemas mais “tradicionais”, como saúde (10%),
economia (6%) e violência (5%).
Principal preocupação de cerca de um terço do eleitorado
brasileiro, o combate à corrupção deve ocupar um lugar de destaque nos debates
do ano que vem. Mas os procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba
fazem um alerta: só o discurso contra a corrupção não vai resolver o problema,
é preciso que os candidatos apresentem propostas reais para combater a mazela.
“O Brasil gosta de discursos
sobre soluções que não vão funcionar. Enquanto soluções que funcionam não são
aplicadas porque não interessa que as coisas funcionem”, analisa o procurador
Carlos Fernando Lima. O procurador destaca ainda a importância de se discutir o
problema a sério no Congresso Nacional em busca de soluções.
“O mais importante é termos um
Congresso que não haja como esse atual Congresso agiu em relação aos fatos
revelados pela Lava Jato. Pelo menos que o próximo Congresso discuta as coisas
no seu mérito. Essa é a esperança de 2018, que a gente tenha um Congresso que
possa discutir grandes problemas do Brasil, que pelo menos se discuta as coisas
com o mínimo de qualidade”, diz.
Para o procurador da República
Roberson Pozzobon, que também integra a força-tarefa em Curitiba, já há grupos
que buscam discutir seriamente o problema da corrupção e propor soluções, mas
ele faz um alerta.
“Logicamente levando em
consideração que também nesse universo, por vezes aparecem oportunistas e que a
solução, por mais que se busque uma solução do dia para a noite, uma solução
milagrosa, ela não está num salvador da pátria”, diz. “Nós já tivemos esse
dissabor, nós já enfrentamos e vimos no que redundou os caçadores de marajás”,
completa Pozzobon, em relação ao ex-presidente Fernando Collor, que foi eleito
depois de se apresentar na campanha eleitoral como o “caçador de marajás”, mas
acabou sofrendo um impeachment depois de sucessivos escândalos de corrupção em
seu governo.
Gazeta do Povo
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