Pilarzinho
A dona de casa Sílvia do Rocio Pires já começou a encaixotar
seus pertences visando a mudança que fará em dezembro. Ela e outras 39 famílias
serão transferidas da ocupação irregular Vila Nori, no Pilarzinho, para novas
casas construídas no Moradias Maringá I, no Cachoeira. O empreendimento do
programa habitacional do município teve suas obras retomadas em março, após
terem sido paralisadas na gestão anterior.
“É uma ansiedade muito grande, estou contando os dias.
Tantos anos de espera por esse momento que agora está chegando. Sou muito grata
ao prefeito por terminar as casas que estavam abandonadas. De tão ansiosa já
comecei a encaixotar minhas coisas”, destaca Sílvia.
Ao todo, o conjunto Moradias Maringá I vai abrigar 156
famílias. As 94 casas térreas e 62 sobrados já deveriam estar habitados, porém,
as obras iniciadas em 2009, sofreram duas interrupções. A primeira em 2011 e a
outra em 2015, por conta do abandono das empresas que haviam sido licitadas
para execução dos serviços.
Desde a retomada da obra em março deste ano, 21 unidades
foram entregues em setembro, 40 serão liberadas em dezembro e as outras 95
serão concluídas no primeiro semestre de 2018. “Estamos transferindo as
famílias na medida que a obra avança. Na Vila Nori haverá abertura de ruas e
outras obras de urbanização, após a transferência dos moradores”, explica o
presidente da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), José Lupion
Neto.
Preparação
O serviço social da Cohab acompanha as famílias nos
preparativos, presta apoio durante a mudança e também realiza trabalho de
pós-ocupação, com objetivo de facilitar o processo de adaptação à nova
realidade em que as famílias são inseridas.
Nestas semanas que antecedem a mudança, os moradores estão
sendo orientados em relação à demolição da moradia antiga. Nos projetos de
reassentamento, logo após a mudança, as casas situadas nas áreas irregulares
são demolidas para evitar que sejam novamente ocupadas. É o momento em que as
famílias se organizam para retirar objetos com algum valor de venda ou que
possam ser reaproveitados na casa nova, como janelas, portas e telhas em bom
estado.
Também foi realizado um levantamento a respeito do número de
animais domésticos para futura castração e colocação de microchip. Os moradores
que trabalham com coleta de materiais recicláveis foram instruídos a manter o
terreno limpo e organizado para evitar a proliferação de ratos e insetos.
Nos próximos dias 27 e 28, os moradores beneficiados vão
participar de uma vistoria em seus novos imóveis. É a última etapa antes da
entrega das chaves.
Vila Nori
A Vila Nori é uma das poucas ocupações irregulares da cidade
em área de morro. Surgida há mais de 30 anos, o local também possui restrição
ambiental porque ali se encontra um fundo de vale. As famílias ocupantes correm
riscos de deslizamentos de terra e de alagamentos.
A comerciante Luzia Pereira dos Santos vive no local há 21
anos. Construiu uma casa grande em local impróprio e está feliz em sair de lá,
mesmo recebendo uma moradia menor do programa habitacional. “De que adianta uma
casa grande se não terei o documento de posse dela e ainda por cima em lugar
que sempre alaga. Prefiro uma casa menor em lugar seguro e que vai estar
oficialmente em meu nome”, afirma.
O projeto de urbanização da Vila Nori inclui também
regularização fundiária e obras de recuperação ambiental nas margens de rio que
foram degradadas pela ocupação indevida. O investimento total no projeto é de
R$ 8,7 milhões, recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da
Caixa Econômica Federal e do município.
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