Extinção da CMTC Araucária e demissão dos trabalhadores é uma decisão política

Os trabalhadores ficaram sabendo da exoneração do presidente da companhia e que serão demitidos dentro de 15 dias por meio de uma matéria no jornal.
A questão não é falta de dinheiro. Para uma trabalhadora da CMTC a extinção da empresa e a demissão de todos os empregados "faz parte do pacote de contratos que eles [a nova administração municipal] querem romper, que não são só os contratos trabalhistas, mas contratos com outras empresas também para reestruturar a cidade do jeito que o prefeito quer".
Em agosto a prefeitura encaminhou um Projeto de Lei à Câmara, que foi aprovado pelos vereadores. A Lei é totalmente vaga em relação à continuidade do gerenciamento do transporte coletivo. Certeza só uma: todos os trabalhadores que não têm cargo comissionado serão demitidos. Mas, não há uma linha sequer sobre o futuro desses empregados que dedicaram boa parte de suas vidas a prestar serviços à população da cidade.  
A Lei ainda afirma que os serviços atualmente prestados pela Companhia "serão executados pela administração direta da Prefeitura". Porém, o projeto não especifica como serão prestados esses serviços e quais trabalhadores farão as atividades que os empregados da CMTC desempenham.
Questionado se a prefeitura ou a diretoria da CMTC pensaram em algum momento nos trabalhadores ou nas consequências da extinção da Companhia para a população, o diretor operacional, Wilmer Jacó da Silva, um dos últimos diretores que ainda estão na empresa, disse que não cabe a ele comentar. Quem toma todas as decisões é o Conselho Administrativo da CMTC.
Nenhum trabalhador concursado da Companhia faz parte desse Conselho. E todos os trabalhadores, inclusive o diretor operacional, ficaram sabendo da exoneração do presidente da companhia e que serão demitidos dentro de 15 dias por meio de uma matéria no jornal. A decisão é política e vem de cima. Aos trabalhadores e ao povo resta aceitar e tentar seguir a vida.
Ao justificar a extinção da Companhia e, consequentemente, a demissão dos trabalhadores como forma de zerar o "déficit financeiro" da empresa, a prefeitura de Araucária colocou na conta dos trabalhadores as consequências de decisões políticas adotadas pelas gestões municipais ao longo do tempo, sem considerar que as despesas com pessoal são menos de 5% das contas da CMTC Araucária.

Consequências
Restam dúvidas sobre os contratos que a CMTC firmou e que ainda estão em vigor. Caso esses contratos sejam quebrados, a prefeitura terá que arcar com os custos da multa, além do fato de o serviço poder ser interrompido até a licitação de outras empresas para operarem o sistema de transporte coletivo.
A população já começa a ser afetada desde as mudanças na linha Tupy-Pinheirinho, que saí de um bairro de Araucária até o Terminal Pinheirinho em Curitiba. "A população já está sentindo. Com ou sem a gente, se eles quiserem cortar linhas de ônibus eles vão cortar", afirmou a trabalhadora da CMTC.

Transporte coletivo
Em audiência pública na Câmara de Vereadores de Araucária, o presidente do SINDIURBANO-PR, Valdir Mestriner, lamentou a ausência de grande parte dos vereadores de Araucária e da prefeitura Municipal. Evidenciou que o projeto de Lei não se trata somente da extinção de uma Companhia, mas sim da prestação de um serviço essencial para a população da cidade.

Além disso, questionou o fato de o prefeito entender a prestação do serviço de transporte coletivo como um desperdício de recursos. "Fica nítido que o objetivo é acabar com o subsídio para o transporte. Isso significa que a pessoa que for se descolar de Curitiba para Araucária terá que pagar duas passagens, uma de Araucária até Curitiba e outra do transporte integrado", denunciou. "O custo do transporte coletivo é um custo necessário para que o serviço seja gerido. É para isso que foi criada a CMTC e por isso ela tem seu quadro de trabalhadores".



Fonte: Sindiurbano

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