Hábito cada vez mais comum em festas para dar 'barato'
cresce entre jovens europeus e americanos. Embora liberado, o consumo pode
fazer mal ao organismo
Frutos - O chocolatier belga Dominique Persoone criou um
dispositivo de acrílico para facilitar o uso da nova mania (Francois
Lenoir/Reuters)
No auge da festa, um jovem de seus 20 e poucos anos tira um
pacotinho da bolsa e espalha um pó marrom-escuro sobre o balcão do bar lotado.
Debruça-se sobre a substância e a inala com força. Volta para a pista pleno de
energia e felicidade, efeito que dura meia hora, talvez um pouco mais. A cena
se tornou comum nas raves, as festas eletrônicas que varam a madrugada, na
Europa e nos Estados Unidos. O que se anda cheirando é o cacau em pó, em busca
do “barato”. O efeito é real, atestam os consumidores. No Brasil, o movimento
ainda é incipiente.
O fruto moído desencadeia uma onda de substâncias na
corrente sanguínea, aumentando a sensação de euforia e bem-estar. Esses efeitos
são atribuídos principalmente a dois compostos químicos. O mais abundante deles
é a teobromina, que tem ação semelhante à da cafeína, substância com
propriedade psicoativa. É ela que confere o estado excitatório. Isso ocorre
porque é um vasodilatador, e faz acelerar o fluxo sanguíneo. O segundo composto
poderoso é a feniletilamina, que estimula o cérebro a produzir endorfina,
também associada à sensação de prazer. Os usuários celebram os resultados do pó
de cacau, a principal matéria-prima do chocolate, e glorificam o fato de ser um
alimento natural, encontrado em qualquer supermercado e vendido livremente —
não seria, portanto, uma droga ilegal. De fato não é, mas os danos podem ser
relevantes e merecem olhar cuidadoso.
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